17.5.04

Conglomerado árabe quer aumentar negócios com empresas brasileiras do setor de alimentos

[17/05 - 07:00]


Co-op Islami, de Dubai, já compra frangos e carne bovina do Brasil. Executivo da empresa passou 15 dias no país visitando fornecedores e está aberto para negociar uma gama de produtos. Companhia é norteada pelos preceitos islâmicos na preparação dos alimentos que vende.

Alexandre Rocha

São Paulo - A Co-op Islami, cooperativa de Dubai nos Emirados Árabes Unidos, especializada na importação, fabricação e distribuição de alimentos preparados de acordo com as exigências muçulmanas, quer aumentar seus negócios com companhias brasileiras. O gerente-geral assistente da empresa, Saleh Abdullah Lootah, voltou para Dubai no sábado (15) após passar 15 dias do Brasil visitando fornecedores.

"Nós trabalhamos com vários tipos de alimentos, como queijos, frutos do mar, enlatados, carnes de frango, de carneiro e bovina, entre outros, e queremos expandir. Por isso olhamos para todas as oportunidades de negócios", disse Lootah à ANBA, antes de voltar para casa.

A companhia já importa produtos brasileiros. Na realidade todo frango que ela comercializa é produzido no Brasil. Todos os meses são embarcadas para os Emirados cerca de 2 mil toneladas da ave, inteira ou em pedaços, já embaladas com a marca Co-op Islami. Lootah disse que empresa tem seis fornecedores principais no país, entre eles a Seara e a Frangosul.

A Co-op Islami importa também carne bovina brasileira, mas ainda em pequenas quantidades. São quatro contêineres por mês. Mas a idéia é aumentar esse volume, esse foi um dos objetivos principais de sua viagem pelo Brasil. "Queremos explorar mais o mercado de carne bovina", afirmou o executivo.

Ele não deu muitos detalhes sobre os contatos de negócios que teve, mas disse que ocorreram "muito bem". Em sua avaliação, o Brasil tem "a maior vantagem competitiva" no setor agropecuário entre seus concorrentes internacionais. No entanto, em sua opinião, falta ao país promover um marketing maior da marca "made in Brazil", assim como fazem os Estados Unidos e o Japão.

Rigor

O diferencial da Co-op Islami em relação às suas concorrentes, de acordo com Lootah, é o rigor com trata a preparação dos alimentos de acordo com os preceitos islâmicos. Foi justamente por causa disso que há 9 anos a empresa deixou de comprar frango da Dinamarca, até então seu maior fornecedor, para optar pelo produto brasileiro.

De acordo com Lootah, na época foi aprovada uma lei na Dinamarca obrigando os frigoríficos a atordoar as aves com choques elétricos antes do abate. Ele acrescentou que o abate halal, feito de acordo com as regras muçulmanas, não permite tal prática.

O abate islâmico é feito com o peito do frango virado para Meca (cidade sagrada na Arábia Saudita) e degolado com uma faca afiada com o animal desperto. Isso, para os muçulmanos, permite que uma maior quantidade de sangue escorra deixando a carne mais limpa.

As co-ops árabes surgiram justamente para garantir que os produtos importados realmente são preparados sob estas regras. A Dubai Co-operative Society, à qual pertence a Co-op Islami, foi a primeira a operar nos Emirados.

Lootah acrescentou que na década de 70, quando foi fundada a Dubai Co-operative Society, as empresas estrangeiras fornecedoras não sabiam o que era abate halal. Além das questões religiosas, que são essenciais, a certificação de que um alimento foi produzido de acordo com as regras islâmicas é um bom marketing para vender na região.

"Halal é a palavra mágica para o mercado árabe", disse o executivo. Tanto isso é verdade de a Co-op Islami mantém uma equipe de quatro pessoas durante períodos de seis meses nos países fornecedores para fiscalizar a produção dos alimentos.

De acordo com Lootah, a preocupação com o consumidor fez com que a empresas "crescesse rapidamente nos últimos seis anos". "Nós mudamos nossas estrutura e voltamos nosso foco para o consumidor. As outras empresas têm seu foco muito voltado para o que as concorrentes estão fazendo", afirmou. "O gosto do consumidor muda de uma hora para outra", acrescentou.

Perfil

Além da comercialização de alimentos nos Emirados e em outros países do Golfo Arábico, a Co-op Islami tem também uma fábrica na zona franca de Jebel Ali, em Dubai. Lá ela produz uma série de produtos como hamburgers, salsichas, mortadela, almôndegas, geléias, gelatinas, enlatados, queijos, sopas, entre outros.

A Co-op Islami e a Dubai Co-operative Society fazem parte do Grupo Lootah, um conglomerado de empresas que começou a ser construído na década de 50 pelo tio de Saleh Lootah, Saeed Ahmed Lootah. Homem religioso, o fundador do grupo sempre pautou seus negócios pela filosofia islâmica.

Além do setor de alimentos, o grupo controla companhias que atuam em vários outros segmentos, como a S.S. Lootah Contracting Co. (construção civil), Poly Pac Industry (embalagens plásticas), Islamic School For Education & Traning (colégio), Dubai Islamic Bank (banco), Islamic Arab Insurance Company (seguros), Reliable Steel Wire Industries (fábrica de fios de aço galvanizado) e Dubai Medical College for Girls (faculdade de medicina para mulheres).

Contatos

Co-op Islami
Saleh Abdullah Lootah
Tel: +97 (14) 282-2995
Fax: +97 (14) 282-2898
e-mail: salehabdullah@coopislami.com
site: www.coopislami.com

Mais informações sobre como fazer negócios com os árabes

Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB)
Departamento de Comércio Exterior
Tel: +55 (11) 3283-4066

Fonte: ANBA

16.5.04

Menina Iraquiana de 12 anos Despida e Espancada por Militares



O exército americano disse que irá investigar as alegações de um ex-prisioneiro da prisão de Abu Ghraib de que uma menina de 12 anos foi despida e espancada pelos militares.

Suhaib al-Baz, um jornalista da rede de notícias Al-Jazeera, alega ter sido torturado na prisão, onde foi mantido por 54 dias.

O sr. Al-Baz foi preso quando estava reportando confrontos entre os insurgentes e as forças de coalisão em novembro.

Ele disse: “Eles trouxeram uma menina de 12 anos para o nosso bloco de celas tarde da noite. O irmão dela era um prisioneiro em uma das outras celas.

“Ela estava nua, chorando e gritando por ele enquanto eles batiam nela. O seu irmão não podia fazer nada, exceto ouvir seus gritos. Isso afetou a todos nós porque ela era apenas uma criança."


Leia a notícia na íntegra, em inglês

O CAIR Condena o Assassinato de Americano no Iraque

O CAIR (Conselho de Relações Islâmico-Americanas) condenou hoje o assassinato de um civil americano no Iraque por um grupo clamando ligação com a Al-Qaeda.

Em sua declaração a entidade islâmica de direitos civis disse:

“Nós condenamos esse assassinato a sangue-frio e repudiamos todos aqueles que cometem tais atos de violência sem sentido em nome da religião. Conclamamos as pessoas de todas as crenças e culturas para trabalharem juntas pela paz e reconciliação, contra a guerra e a destruição.”

O CAIR, o maior grupo islâmico de direitos civis está baseado em Washington e tem 26 escritórios regionais em todo o país e no Canadá.


Site do CAIR, em inglês

Mais Relatos de Ex-Prisioneiros Aprofundam o Atoleiro Americano no Iraque

Enquanto novas fotos de soldados americanos torturando prisioneiros iraquianos emergem, mas relatos de ex-prisioneiros também vem à tona, detalhando as práticas indescritíveis e hediondas dentro da agora notória prisão de Abu Gharib.

“Para mencionar apenas uns poucos exemplos, um dia os guardas da prisão reuniram as prisioneiras forçou-as a olhar enquanto os prisioneiro eram torturados nus,” começou a entrevista Abu Abdul Rahman, um ex-prisioneiro.

“Elas ficaram terrificadas com a possibilidade de terem o mesmo destino.”

Ele disse que medo, humilhação e sofrimento físico eram características comuns do regime diário dos prisioneiros.

Abu Abdul Rahman disse que existe uma diferença entre a Abu Gharib de agora e sob Saddam.

“Não existiam mulheres prisioneiras em Abu Gharib sob Saddam,” ele disse. “Além disso, os carcereiros iraquianos proviam os prisioneiros com comida e água, ao contrário dos americanos.”

Ele disse que a prisão agora contém prisioneiros de diferentes faixas etárias e que as detenções são aleatórias, baseadas em meras suspeitas.

Ele também disse que as soldado americanas eram muito mais maliciosas que os seus companheiros homens.

“Uma delas fez sexo com um soldado na nossa frente porque sabia que é culturalmente ofensivo,” disse ele.

Abu Abdul Rahman disse que todos os prisioneiros concordam que nenhuma quantia em dinheiro pode compensar a sua dignidade e honra destruída.

“Tudo que queremos é ver esses carcereiros sentenciados à morte, e não aceitaremos nenhum acordo,” disse ele.

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General que Fez Comentários Anti-Islam Relacionado ao Caso de Prisioneiros de Guerra

O general do exército sob investigação por comentários anti-Islam foi relacionado por oficiais americanos ao escândalo de abuso de prisioneiros iraquianos.

Nma audiência do Senado sobre o abuso de prisioneiros iraquianos foi dito que o general William Boykin, um cristão evangélico sob revisão por ter dito que o seu Deus era superior ao dos muçulmanos, fez recomendações sobre as formas como os interrogadores militares poderiam obter mais informações dos prisioneiros iraquianos.

Críticos sugeriram que tais recomendações podem significar um encorajamento para abusos sexuais e físicos de prisioneiros, possivelmente para “amaciar” os detentos antes do interrogatório – uma acusação que o Pentágono nega.

Congressistas e grupos islâmicos disseram que qualquer envolvimento de Bookin pode despertar preocupação entre árabes e muçulmanos de que a guerra americana ao terror é de fato uma guerra contra o Islam.

“Isso será tomado como uma prova de que o que aconteceu na prisão de Abu Ghraib é evidência de uma cultura mais ampla de desumanização de árabes e muçulmanos, baseado no entendimento americano da superioridade inata da Cristandade,” disse Chris Toensing, editor do Middle East Report, uma revista americana.

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Legisladores Chocados com Novas Imagens de Abuso

Charles Babington

The Washington Post

Legisladores viram ontem fotos e vídeos não disponibilizados de detentos iraquianos sendo sexualmente humilhados e fisicamente ameaçados.

As imagens, que incluem corpos iraquianos, soldados americanos (homens e mulheres) tendo sexo, e um detento batendo sua cabeça na parede, convenceu alguns legisladores de que o número de americanos que violaram o protocolo militar é maior do que o previamente imaginado.

“O que nós vimos é apavorante,” disse o líder do Senado Bill Frist. “Eu vi tortura cruel e sádica,” disse a republicana Jane Harman (D-Calif.). O Senador Richard J. Durbin (D-Ill.) disse a Reuters: “Haviam algumas cenas terríveis. Parecia que tínhamos descido até um dos círculos do inferno, e tristemente era nossa própria criação.”

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Ex-Recrutas: Nós Aprendemos Táticas de Abuso em Huachuca

O forte de Huachuca, em Sierra Vista, Arizona, sofreu outra derrota quarta-feira quando dois ex-recrutas que treinaram lá para se tornar interrogadores disseram a ABC News que eles foram ensinados a “se curvar às regras” para infligir dor física e mental aos prisioneiros enquanto tecnicamente observando a Convenção de Genebra.

Refael e Margaret Chaiken, um casal com cidadania americana e israelense, estavam treinando no forte para se tornarem interrogadores na guerra contra o terrorismo.

Margaret disse que os interrogadores eram ensinados a como “se curvar às regras de modo a obter a informação que precisavam.” Isso inclui colocar prisioneiros “em posições humilhantes, posições de estresse, privação do sono, aqueles tipos de técnicas.”

Um professor da Universidade do Arizona também disse que ouviu insultos racistas contra os árabes enquanto ele dava aulas na base.

De acordo com a ABC News, Margaret Chaiken disse que as fotos dos soldados americanos humilhando prisioneiros iraquianos correspondem às técnicas que ela e o marido aprenderam para “quebrar o prisioneiro e fazê-lo falar.”

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15.5.04

TV Realidade

Quando as forças americanas exigiram recentemente que uma equipe da TV árabe Al-Jazeera deixasse Falluja como condição para um cessar-fogo com a resistência loca, não foi surpresa no escritório central em Doha.

Desde que a “guerra contra o terror” começou, a Al-Jazeera se tornou um espinho para o Pentágono. “A minha solução é para mudar o canal,” disse esse mês em Bagdá o general-brigadeiro Mark Kimmit, “para um canal de notícias legítimo e honesto.” O canal que mostra americanos matando intencionalmente mulheres e crianças não é uma fonte legítima de notícias.”

A Al-Jazeera se tornou a rede de TV mais popular do Oriente Médio precisamente porque tem mostrado a carnificina humana que o exército americano deixa em seu rastro. Se ela se tornar um “canal de notícias legítimo e honesto” do tipo que rotineiramente censura as realidades das operações militares americanas, ela perderia sua audiência.


Democratizar o Oriente Médio pode ter sido o caso para a conquista do Iraque. Mas de fato os EUA estão agindo contra o florescimento de uma mídia livre no Oriente Médio, que a Al-Jazeera iniciou.


Arthur Neslen era até semana passada o correspondente da aljazeera.net em Londres

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