29.5.07

Feira de produtos de beleza movimenta Arábia Saudita

Silwan Abbassi*

Brasília - Começou ontem (28) em Riad a feira Lady Beauty. Com três dias de duração, a feira conta com a participação de mais de 100 companhias nacionais e internacionais especializadas em produtos de beleza femininos. Após o sucesso da feira no ano passado, o número de participantes aumentou de modo significativo este ano. As informações são do jornal saudita Al Riyadh.

Promovida no Four Seasons Hotel, em Riad, a Lady Beauty é uma das maiores feiras do setor de produtos de beleza na região. A organização espera mais de 20 mil mulheres na feira este ano. O valor total dos produtos expostos é de aproximadamente 200 milhões de riais sauditas (US$ 53 milhões). Os últimos lançamentos do mundo dos cosméticos e da moda serão apresentados ao público, predominantemente feminino. Novos tratamentos de beleza serão apresentados pela primeira vez no mercado saudita.

Com o aumento no número de companhias participantes neste ano, a feira gerou mais de 180 empregos para mulheres até agora, a maioria deles em marketing e vendas. A indústria da beleza está crescendo de forma nunca vista no Oriente Médio, principalmente na Arábia Saudita, onde foram abertas lojas e grandes centros que oferecem todos os programas modernos de tratamento de beleza para mulheres.

De acordo com o jornal Arab News, Hammed Al-Hushan, secretário do Comitê Nacional de Companhias Expositoras da Arábia Saudita, disse que haverá 400 feiras no país durante o verão. Cinqüenta e cinco dessas feiras serão voltadas exclusivamente para produtos femininos. Segundo Abdullah Al-Gubairy, membro do Comitê de Conferências e Showrooms da Câmara de Comércio, as feiras para mulheres correspondem a 15% do total de feiras comerciais que acontecem no país.

"As feiras comerciais desempenham um papel econômico e social no país. O mercado saudita precisa de mais feiras voltadas ao público feminino e das quais companhias populares possam participar. Isso dá às mulheres a oportunidade de escolher seus produtos cosméticos, roupas e jóias favoritas, além de conhecer as mais novas marcas e produtos sem ter que sair do país", disse Nabilah Yagmour, especialista em gerenciamento de show rooms. Nos últimos anos, as feiras de produtos femininos têm gerado centenas de empregos temporários para as mulheres sauditas, entre as quais há um alto índice de desemprego.

*Tradução de Gabriel Pomerancblum

Fonte: ANBA

26.5.07

Pela Paz


Este ano marca o 40º aniversário da chamada Guerra dos Seis Dias, que resultou na ocupação por Israel dos territórios palestinos de Gaza e Cisjordânia, das colinas de Golan (Síria) e do deserto do Sinai (devolvido ao Egito, em 1982, em troca de um tratado de paz). Também foi conquistada a parte oriental de Jerusalém, que poucos países reconhecem como capital de Israel.

A experiência da ocupação provou que não há solução militar para o conflito palestino-israelense e que a paz é vital para os dois povos. Escaramuças permanentes, onde não faltam atos de terrorismo e violações das leis internacionais, trazem sofrimento e tensão para ambos os lados. Uma cultura de ódio e segregação dificulta o trabalho de aproximação e reconhecimento. O fundamentalismo religioso, presente em ambas as partes, apimenta a situação.

Organizações não-governamentais de Israel e dos territórios palestinos, juntamente com personalidades comprometidas com a solução do conflito, lançaram a Iniciativa Cinco de Junho para a Paz Israelense-Palestina (www.june5thinitiative.org). Durante uma semana, a partir do próximo dia 5 de junho, serão convocadas manifestações em muitos países, imantadas pelo princípio de Dois Povos, Dois Estados, Uma Paz. A intenção é mobilizar o maior número possível de pessoas e entidades para que pressionem as lideranças de ambos os povos com vistas a discutir seriamente um acordo de paz. A base do diálogo seriam as fronteiras de junho de 1967. Já há adesões em países como Austrália, Estados Unidos, Bélgica, Canadá, Egito, França e Jordânia, em uníssono com pacifistas de Jerusalém, Ramala, Tel Aviv e Gaza.

A ASA considera relevante esta proposta, embora ela não contemple questões delicadas como a situação dos refugiados palestinos (mais de 4 milhões, segundo a ONU) e o status final de Jerusalém. Entretanto, tendo em vista a animosidade acumulada em décadas de conflitos intermináveis, ela pode ajudar a quebrar a couraça e mandar um sinal claro para os beligerantes: setores importantes das comunidades judaica e árabe condenam a carnificina e defendem o direito de israelenses e palestinos viverem em paz, segurança e prosperidade. Se árabes e judeus marcharem juntos nas ruas de muitos países, estará criado um fato político denso. Ficaremos ao lado daqueles que, no Brasil, se incorporarem a este movimento.

Fonte: ASA


Irã - um ponto de vista

por Michael Gordon

Sob a sombra dos atentados terroristas recentes, uma imagem vem a minha cabeça: um mulá na rua Ferdosi, centro de Teerã, me explicando como chegar ao cemitério judaico. Mas poderia ter me lembrado de outra cena. No mesmo cemitério, uma tumba de um jovem judeu que morreu na guerra contra o Iraque. Quem diria? Quem poderia imaginar que um judeu daria sua vida pelo regime do aiatolá? É assim que vivem os judeus iranianos. Têm seus cemitérios, suas sinagogas, seus clubes, trabalham no comércio, são médicos, professores etc. Há apenas uma exigência para que essa paz não seja destruída: devem ser contrários à existência do Estado de Israel. Evidentemente essa não é uma tarefa fácil. Os judeus do mundo todo rezam pedindo que no ano seguinte estejam em Jerusalém! Nem todos os judeus iranianos seguem à risca essa recomendação, eles dão um jeito, arrumam estratagemas para visitar Israel, mas se são pegos nessa empreitada, têm seus passaportes confiscados e não podem sair do país por vários anos.

O roteiro preferido para essa viagem é através da Turquia ou Chipre. No aeroporto israelense já é praxe carimbar o visto num papel separado e não no passaporte, justamente para casos como esses.

Há alguns anos, treze judeus foram presos, acusados de espionagem para o Estado de Israel. Em sua maioria, são professores de Teologia das cidades de Isfahan e Shiraz, no centro sudoeste do país. A prisão fica em Shiraz e atualmente onze permanecem presos e sem julgamento. Nem o próprio Khatami, o presidente legitimo, com quase 80% dos votos, pode fazer alguma coisa, já que, no poder judiciário, quem manda é o aiatolá Khamenei, sucessor de Khomeini desde 1989.

Na sede do Jewish Committee, em Teerã, encontrei algumas fotos do funeral do aiatolá que mudou a história do Irã, transformando-o na primeira república islâmica do mundo. Interessante foi observar um grupo de judeus em luto pela morte deste líder, que pregou a destruição de Israel. Segundo os próprios judeus que encontrei pelos corredores, ele foi um bom homem, inclusive para os judeus, mantendo uma espécie de proteção aos judeus e cristãos, como os dhimmi, os "protegidos" do Império Otomano, que, embora fossem designados por este termo no mundo islâmico, tinham que pagar impostos mais elevados e de vez em quando sofriam perseguições.

Claro que a maioria dos judeus saiu do Irã após a revolução de 1979, assim como saíram do Marrocos após a independência deste, em 1956. Embora eles tenham sempre tido um status de minoria protegida nos países islâmicos, desde a criação de Israel as hostilidades aumentaram e esses países passaram a tratar os judeus como possíveis espiões do Estado judeu. Mas, ainda assim, o Irã engolfa a maior comunidade judaica do Oriente Médio. Não só a maior, como uma das mais antigas, remontando aos tempos dos aquemênidas, muito antes do islamismo se tornar a religião oficial dos persas. Naquele tempo, a religião oficial era o zoroastrismo, e ainda hoje existem praticantes, principalmente em Yazd, onde está o Ateshkade, o templo zoroastrista que guarda a chama eterna.

Essa comunidade está dividida por várias cidades. Teerã, a capital, abriga cerca de doze mil judeus e tem mais de vinte sinagogas, sendo as principais Abrishami e Youssefabad. Em Shiraz encontra-se o segundo maior grupo, oito mil judeus. Isfahan tem cerca de mil e quinhentos e outras cidades abrigam pequenos grupos de cem, as vezes cinqüenta; em Kerman, sudeste do Irã, havia cerca de trinta judeus. A cidade baixa, onde eles vivem, não tem ruas asfaltadas, mas tem uma belíssima sinagoga. Dentro dela há um telefone para chamar os poucos adultos que formam o minian, os dez homens necessários para que se dê início aos serviços religiosos.

Uma das mais agradáveis surpresas da viagem foi a visita ao mausoléu de Esther e Mordechai, os protagonistas de uma das mais belas histórias judaicas, que está inserida na Bíblia, no Livro de Esther. Esse mausoléu se encontra em Hamadã, cidade próxima ao Iraque, e próxima ao sítio arqueológico de Shush, onde supostamente os dois viveram.

No extremo oposto do país, na cidade de Mashad, encontra-se o maior centro de peregrinação do Islã: o túmulo do imã Reza. Os imãs são os profetas do islã. Enquanto os sunitas acreditam em apenas três, os xiitas acreditam em doze, sendo que o último, o imã Zaman, ainda vai chegar (* VER NOTA). O único dos imãs que está enterrado no Irã é o oitavo, Reza, que foi envenenado e morreu em 817. Portanto, esse local é sagrado apenas para uma pequena parte dos muçulmanos, já que a grande maioria é sunita.

O Irã dos contrastes preserva na indumentária feminina a insígnia de seu fundamentalismo. Nada comparado ao vizinho Afeganistão, mas, mesmo assim, os direitos adquiridos nas últimas décadas pelas mulheres ocidentais estão longe de ser alcançados pelas iranianas. Entretanto, muitas delas aprovam o uso obrigatório do xador, o manto preto que as cobre dos pés aos cabelos. Elas acreditam que o pano é uma ferramenta de segurança para a mulher nas ruas.

Os costumes são diferentes e há certas regras que não compreendemos. Parece-nos difícil de entender a necessidade do uso do xador. As mulheres não podem sair de casa sem se cobrir e isso soa como um cerceamento dos direitos da mulher, o que não deixa de ser verdade. Apenas devemos analisar e buscar respostas de acordo com os costumes islâmicos. Os próprios judeus iranianos aprovam o uso do xador para suas mulheres, afirmando que o judaísmo também proíbe as mulheres de mostrar seus cabelos. Às vezes surge entre nós uma sensação de retrocesso na vida dessas pessoas. Mas essa não é a pura expressão da verdade. Nós temos muito a aprender com os iranianos, particularmente com relação à sua hospitalidade.

OLHO - Interessante foi observar um grupo de judeus em luto pela morte de Khomeini.

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Michel Gordon, 26 anos, é doutorando em Física dos Oceanos pela USP e viajou ao Irã para tentar entender como vivem os judeus num país islâmico fundamentalista.

Fonte: ASA


* NOTA: Os imames não são os profetas do Islã. São líderes religiosos. Mesmo para os xiitas eles não são considerados profetas, mas líderes religiosos inspirados por Deus. Os sunitas não consideram que seus imames sejam inspirados por Deus e os vêem como pessoas comuns.


24.5.07

Capoeira conquista adeptos no mundo árabe




Quando o berimbau começou a tocar, havia 26 pessoas na pequena sala de ginástica em Rabat: a maioria marroquinos, meia dúzia de refugiados do Congo e uma dezena de belgas, franceses, espanhóis e angolanos. Apenas três, incluindo
Braz, um dos instrutores, eram brasileiros.

Mas quase toda a aula de capoeira, além dos cantos, foi em português, língua que muitos começam a dominar.

Depois da Europa e dos Estados Unidos, a capoeira está ganhando adeptos no mundo árabe.

No Marrocos, onde acaba de ser realizado um encontro internacional, existem grupos em pelo menos quatro cidades: Casablanca, Essaouira, Salé e na capital, Rabat.

Mas a arte marcial brasileira, desenvolvida pelos escravos vindos da África, já fincou seus pés também na Argélia e no Egito.

Integração

Para o instrutor Zohir Lakhdar, mais conhecido como Saguim, "a capoeira é um instrumento de integração" num mundo marcado por tensões sociais, culturais e religiosas.

Nascido há 32 anos na Bélgica, de pais marroquinos, ele aprendeu capoeira e português em Bruxelas, com o mineiro Venceslau Augusto de Oliveira - o Braz. Em maio de 2005 resolveu mudar-se para o Marrocos e introduziu a capoeira em Rabat.

Seguindo o exemplo de Braz, Saguim incorporou a capoeira a projetos de integração social.

Funcionário do Ministério das Relações Exteriores e de Desenvolvimento do Marrocos, nas horas vagas ele dá aulas de capoeira numa academia, a um grupo de meninos pobres de Rabat, a outro de adolescentes de Salé e a cerca de 20 refugiados do Congo.

Foi ele que organizou o encontro internacional, realizado no início do mês, com a participação de capoeiristas da Bélgica, França, Espanha e Brasil.

"Com tanto conflito, desemprego e pobreza, os jovens de hoje precisam de um modelo, para não caírem no fatalismo e no desespero", diz Saguim, que dá suas aulas num português salpicado de francês e árabe.

Segundo o marroquino Driss Jaouzi, de 33 anos, nada mais natural do que ter aula numa língua estrangeira.

"É o que acontece no mundo islâmico. Existem muçulmanos de muitas nacionalidades, mas na hora de rezar todos rezam em árabe. Sendo assim, por que não jogar capoeira em português, já que a capoeira é brasileira?" pergunta Jaouzi, o Tijolo.

Projetos sociais

Aluno de Braz em Bruxelas, Tijolo é seu braço direito nos projetos sociais que está desenvolvendo, tanto no Brasil e na Bélgica quanto no Congo.

Em Bruxelas, eles trabalham com jovens de bairros pobres da periferia – muitos deles filhos de imigrantes marroquinos.

O próprio Braz conta que é "fruto de um projeto social". Ele praticava capoeira desde os seis anos de idade com seus irmãos em Vila Maria – uma favela de Belo Horizonte que virou bairro.

"Na época, havia tanta violência que a favela era conhecida como Poca Olho", lembra Braz. "Mas o Projeto de Integração da Criança pela Arte (Poca) transformou um nome de conotação pejorativa em algo positivo."

Foi graças a um intercâmbio cultural que Braz viajou para a Bélgica, onde formou-se em educação física e acabou se instalando. Mas ele continua promovendo projetos sociais em Minas Gerais e, a partir deste ano, começou a trabalhar no Congo, com "meninos soldados" e orfãos da guerra.

"A capoeira é mais do que uma disciplina esportiva. É um instrumento para estabelecer certos parâmetros e canalizar energia, num mundo de violência."

Nas aulas durante o encontro internacional, Braz explicava que na capoeira "ninguém luta, todos jogam" e que "não existem adversários, apenas parceiros".

O mesmo recado foi dado pelo instrutor espanhol David Balarezo, o Bala, que vive em Madrid e desembarcou em Rabat com um grupo de capoeiristas espanhóis e duas educadoras sociais.

Diálogo

Mesmo sem a presença de instrutores, grupos de capoeiristas estão brotando em diversas cidades.

É o caso da associação Capoeira Mogador, de Essaouira – cidade turística na costa marroquina. Foi formada por jovens que descobriram a capoeira na Internet, graças a sites como You Tube.

Um deles, Redouan, de 27 anos, fabricou um berimbau. "Tinha mil defeitos. A corda estava mal-amarrada, o som estava errado, mas um turista me viu andando na praia com o instrumento e me perguntou se eu era capoeirista", conta Redouan. "Para minha sorte, ele era capoeirista e nos deu algumas aulas."

No Cairo, um grupo de 20 pessoas está treinando sozinho, enquanto espera que alguém responda a um anúncio de "busca-se professor" no site www.capoeira.com.

Segundo o capoeirista belgo-marroquino Jaouzi, o sucesso da capoeira é a sua versatilidade.

"A capoeira é um diálogo, aberto a todos. Reúne tradição e muitas formas de expresão: canto, percussão, ginga e acrobacia. Ou seja, é sempre possível encontrar alguma coisa para fazer."


Fonte: BBC Brasil

Empresárias do Golfo têm investimentos de US$ 25 bilhões

Os investimentos das mulheres do Golfo Arábico estão concentrados nas áreas de comércio, imóveis e no setor bancário. No Catar há mil empresas pertencentes a mulheres, com capital de US$ 852 milhões.

Silwan Abbassi*

Brasília - As mulheres de negócios dos países do Golfo Arábico têm investimentos de aproximadamente US$ 25 bilhões, segundo o jornal jordaniano Addustour. Os investimentos estão concentrados nas áreas de comércio, imóveis e no setor bancário. Segundo estimativas, 12% das executivas da região ocupam cargos de direção geral e 48% trabalham no comércio.

Estatísticas recentes mostram que no Catar há atualmente mil empresas pertencentes a mulheres. Estas organizações têm investimentos de 3,1 bilhões de riais, o equivalente a US$ 852 milhões, principalmente no setor imobiliário e no mercado de ações, mas também em indústria, no setor bancário, em turismo e comércio.

Segundo o jornal, as cidadãs do Catar são atualmente mais da metade das operadoras de bolsa no país, tendo em mãos cerca de 1 bilhão de ações avaliadas em 10 bilhões de riais, ou US$ 2,7 bilhões.

Já na Arábia Saudita, segundo informa o jornal árabe Asharq Alawsat, o capital em poder de mulheres já alcança 60 bilhões de riais sauditas, equivalentes a US$ 16 bilhões. Os dados são do Centro Khadeejah bint Khuwailed, afiliado à Câmara de Comércio e Indústria de Jeddah. De acordo com a instituição, os fundos administrados por mulheres sauditas são geralmente aplicados nas bolsas de valores e geram bons retornos.

Sempre de acordo com o jornal árabe, as mulheres são atualmente 56,5% das alunas de graduação na Arábia Saudita, representam 14,11% da mão-de-obra do país, 30% da mão-de-obra no setor público, 84,1% das trabalhadoras na educação pública. Elas também formam 40% da classe médica e detêm 20% do capital em fundos de investimento. São proprietárias de cerca de 20 mil empresas de pequeno e médio porte no país.

Conferência

Para discutir as oportunidades e o desenvolvimento de investimento de empresárias nos países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), bloco econômico que inclui Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã, ocorreu ontem (26) em Doha, capital do Catar, a conferência do Comitê de Empresárias do Golfo.

A pauta da reunião incluiu formas de fortalecimento da operação de mulheres no setor econômico e também a comparação da participação de empresárias e empresários nas comunidades do Golfo.

Outro assunto abordado foi a criação de uma empresa para mulheres do GCC cujo objetivo seria o financiamento de pequenos projetos de investimento e também o treinamento de mulheres, com a intenção de auxiliar a iniciativa privada na contratação de mulheres. Também está planejada a criação de uma página de internet dedicada às empresárias da região mostrando suas atividades, investimentos e áreas de trabalho.

O Comitê de Empresárias do Golfo é uma organização ligada à Federação de Câmaras de Comércio e Indústria do GCC, e tem em seu conselho administrativo doze mulheres.

*Tradução de Mark Ament


Fonte: ANBA

19.5.07

Ser árabe no mundo atual*

Por Mohamed Habib

Sentir-se um cidadão respeitado nos seus direitos e integrado numa sociedade fraterna e solidária, hoje em dia, é extremamente difícil para qualquer um. Imagine, então, caro leitor, o que um árabe poderia sentir no mundo atual?

Ele vem sofrendo durante as últimas décadas, seja dentro ou mesmo fora do seu país de origem. O povo árabe, entre decepção e amargura, vive numa realidade de sociedades oprimidas, pobres e com os índices de desenvolvimento humano mais baixos na sua história. Independentemente das causas, naqueles países não há democracia. Não há respeito aos direitos humanos, muito menos perspectivas para alcançá-lo. O árabe buscou a sua dignidade durante a guerra fria, quando houve o maior movimento para conquistar a sua liberdade e a sua independência, tornando-se livre dos colonizadores europeus. Nasser foi o símbolo do pan-arabismo e da dignidade árabe.

Hoje é diferente, visível é a segregação aguda entre esses povos, e dentro deles, além de muros de separação que levam palestinos, por exemplo, à vida mais humilhante que alguém poderia imaginar. As últimas semanas vêm testemunhando, ainda, a construção de outros muros de separação, agora na cidade de Bagdá, tirando dos iraquianos o direito de ir e vir dentro de seu próprio país, que sofre de uma ocupação militar dos Estados Unidos desde 20 de março de 2003. Os tribunais internacionais repudiam e condenam a construção de tais muros de segregação de civis, porém o império continua surdo e mudo.

Percebe-se hoje, e de uma forma bastante visível, que a colonização continua existindo, embora de formas diferentes. O mundo árabe perdeu a sua autonomia quando perdeu a sua capacidade de elaborar e executar programas para o desenvolvimento dos seus povos, que consomem produtos e serviços, na sua maioria, produzidos por outros. Vender petróleo como matéria-prima ou receber turistas para mostrar glórias de passados remotos não garante a soberania dos povos. Além de não aproveitarem cérebros já existentes, induziram pensadores e intelectuais a deixar seus países de origem para poder atuar com mais liberdade em vários cantos do mapa mundi.

A dominação política e econômica exercida sobre o mundo árabe pelos países que detêm o conhecimento científico e tecnológico já extraiu quase tudo que significa de ético nas relações dos países centrais, liderados pelos Estados Unidos, com o mundo árabe. A interferência, a pressão política e a violência exercidas pela potência resultaram, entre várias conseqüências catastróficas, na deterioração da qualidade de vida desses povos, na destruição do patrimônio histórico da humanidade e na total desesperança do árabe em relação ao amanhã.

E aquelas comunidades árabes que vivem fora do Oriente Médio, e são identificáveis pela fisionomia, ou mesmo pelo seu rótulo de identificação, como elas vivem o seu cotidiano?

Além da tristeza e da amargura lá sentida, no Ocidente sofrem da solidão étnica, de campanhas de difamação lideradas pela mídia conservadora e pela indústria cinematográfica norte-americana, além de manifestações preconceituosas de organizações e de instituições aliadas às políticas imperialistas do atual governo dos Estados Unidos.

Por sorte da comunidade brasileira de origem árabe, a pluralidade étnica cultural deste país abençoado vem aumentando cada vez mais a sua solidariedade com o mundo árabe e com os seus descendentes brasileiros. O grande encontro dos chefes dos Estados árabes no Brasil e a visita do Presidente Lula à quase a totalidade daqueles países são indicadores bastante fortes desta harmonia.

Cabe, aos árabes do Oriente Médio, assumir seu papel para a construção da sua cidadania, qualificar seus filhos, gerar ciências e tecnologias, conquistar a liberdade dos seus povos e construir regimes democráticos respeitadores dos direitos humanos.

E aqueles descendentes que hoje pertencem a outras nações precisam honrar a sua origem, contribuindo cada vez mais, nos seus postos, para merecer a confiança a eles dada pelas suas novas pátrias. Ainda, os nossos filhos, principalmente no Ocidente, devem informar-se corretamente sobre a história do Oriente Médio e sobre o interesse dos países dominantes naquela região. Aí, sim, eles poderão participar efetivamente do debate e do diálogo para esclarecer para a sociedade mundial o porquê da injustiça que o árabe sofre no mundo atual.


Mohamed Habib, engenheiro agrônomo e doutor pela Universidade de Alexandria, Egito, e pela UNICAMP. Ecologista, é especialista em biologia vegetal e autor de livros e artigos. É professor titular de Ecologia e pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários. Nasceu em Port Said, é egípcio de nascimento. Vive há 31 anos no Brasil.


Fonte: ICARABE

17.5.07

Mulheres disputam Rali de Teerã

Com suas vestimentas típicas, iranianas mostram toda a sua beleza antes da largada



A navegadora Razieh Jalilipour estuda o mapa da corrida antes da largada da quarta etapa do Rali de Teerã, no Irã


Marzieh Jalilipour e sua irmã Razieh conversam com um competidor durante os preparativos para a etapa de quinta





A iraniana Zohreh Vatanpour ajeita o protetor de pescoço antes da largada do Rali de Teerã




Concentradas para a largada, as iranianas mostram seus belos olhos para os fotógrafos do Rali de Teerã


5.5.07

Fome Zero no Egito

O ministro brasileiro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, participa na quarta e quinta-feira desta semana de um encontro ministerial da área social de países árabes e sul-americanos no Cairo. Lideranças das duas regiões vão apresentar, no encontro, suas políticas de desenvolvimento social. Ananias vai falar dos programas nacionais de transferência de renda.

Isaura Daniel
isaura.daniel@anba.com.br

São Paulo - O governo brasileiro vai apresentar as suas políticas públicas sociais aos países árabes na próxima semana, no Cairo, capital do Egito. O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, participa, na quarta (02) e quinta-feira (03), de um encontro entre ministros da área social de países árabes e sul-americanos. A reunião faz parte da agenda de seguimento da Cúpula dos Países Árabes e Sul-Americanos, encontro de chefes de estado das duas regiões que ocorreu em maio de 2005 no Brasil. De acordo com o coordenador de seguimento da cúpula no Itamaraty, Ânuar Nahes, essa é a primeira reunião ministerial sul-americana e árabe feita para tratar do tema social.

"A reunião servirá para uma troca de experiências entre os programas sociais desenvolvidos em cada um dos países, que têm nível de desenvolvimento semelhante e também problemas semelhantes", disse Nahes, que deve acompanhar o ministro na viagem. Um dos programas brasileiros dos quais o ministro Ananias vai falar, de acordo com material divulgado pela assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, é o Fome Zero, do qual faz parte o Bolsa Família. Ele é um projeto de transferência de renda para a população carente, que beneficia 11 milhões de famílias no Brasil, e tem sido citado como modelo por outros países e organismos internacionais.

De acordo com Nahes, o Fome Zero pode interessar aos árabes. Segundo informações do Ministério de Desenvolvimento Social, o Egito é um dos países que tem demonstrado interesse no programa. O Banco Mundial apresentou ao país árabe, em 2005, o Bolsa Família, além de um projeto mexicano, como alternativa para combate à pobreza e para a inclusão social. No encontro que ocorre no Cairo vão participar autoridades dos 34 países árabes e sul-americanos. Na pauta estarão, além dos programas sociais de combate à pobreza, outros temas ligados aos objetivos do milênio, determinados pelas Nações Unidas. As metas englobam desde a melhoria do ensino básico até o combate a doenças mundiais.

O ministro brasileiro Patrus Ananias vai participar já da abertura do encontro, na quarta-feira, estará também durante as discussões da reunião e no seu encerramento, na quinta. A assessora especial do Fome Zero no Ministério, Adriana Aranha, também acompanha o ministro e participa, nesta segunda (30) e terça-feira (01), de reuniões prévias de especialistas para preparação do encontro ministerial. Atualmente, o Brasil tem 62 milhões de brasileiros beneficiados por programas do Ministério de Desenvolvimento Social. O país é conhecido por seus graves problemas sociais, mas agora, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, está também ganhando destaque internacional pelos programas criados para combatê-los.


Fonte: ANBA

O português nascido do árabe

O médico catarinense Júlio Doin Vieira lançou o livro "Dicionário de termos árabes da língua portuguesa", que revela a origem de diversas palavras utilizadas no cotidiano brasileiro. Ele passou dois anos debruçado em dicionários para pesquisar o assunto.

Isaura Daniel
isaura.daniel@anba.com.br

São Paulo - Enxoval é um conjunto de roupas e certos complementos, em geral úteis, de quem se casa, de recém-nascido ou de jovem que se interna em colégio. Essa é a explicação para a palavra que está no livro do catarinense Júlio Doin Vieira. O livro também diz que enxoval é uma palavra originária do termo árabe as-siwâr, que significa utensílios ou mobiliário. Vieira publicou há cerca de três meses um livro para mostrar as palavras em português que são originárias do idioma árabe. Na lista estão desde acelga, verdura cujo nome vem do árabe as-silq, fatia, que vem de futât, fulano, originária de fulân, e mameluco, do termo árabe mamlûks, que quer dizer escravo ou propriedade de alguém.

O livro, chamado "Dicionário de termos árabes da língua portuguesa", foi lançado pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e tem 215 páginas. Vieira, que é médico, foi professor no curso de Medicina na instituição. Hoje com 82 anos, o catarinense está aposentado. Foi na rotina de aposentado, aliás, que surgiu a inspiração para fazer o livro. "Eu estava com insônia, aí tive a idéia de escrever o livro", diz Vieira, com seu jeito brincalhão. Somado à falta de sono, Júlio Doin Vieira tinha - e tem - na sua casa, em Florianópolis, cerca de 70 dicionários. Mesmo sem ser especialista em línguas, ele se aventurou no trabalho de resgatar a paternidade árabe das palavras faladas no Brasil.

O trabalho durou cerca de dois anos e foi concluído no final do ano passado. Vieira já conhecia a influência árabe sobre o idioma português em função dos seus conhecimentos de história, e conseqüentemente das invasões mouras à Europa, onde os árabes deixaram uma vasta herança cultural. O médico não era, porém, especialista no assunto antes de escrever o livro. No decorrer da pesquisa, que fez junto aos seus dicionários, foi tendo agradáveis surpresas. "Você sempre acha coisas para decifrar, para ler, rir e comentar", diz. Vieira não tem descendência árabe, mas portuguesa, francesa, alemã e cabocla. E bom humor. "Dizem que árabes são todos que têm cabelo no dedo anular da mão esquerda. Eu não tenho", fala.

Vieira exerceu a Medicina por 54 anos, deu aulas na Universidade Federal de Santa Catarina por 30 anos e foi chefe do Serviço Médico do Diretório Estadual de Trânsito (Detran) de Santa Catarina por 38 anos. Tem também sete livros publicados sobre Medicina, Espiritismo e Maçonaria. Morador de Florianópolis, Vieira se mudou para a cidade com um ano de idade. Nasceu no interior, em uma cidade chamada Campos Novos. Na cabeceira da cama, ele mantém livros de poetas como Castro Alves e Augusto dos Anjos. Vieira é também presidente de honra da Academia Catarinense Maçônica de Letras.

O prefácio do livro de Vieira foi feito pelo presidente do Clube Homs, Sergio Zahr. Foi no clube, aliás, que foi feito o lançamento da publicação na cidade de São Paulo, no final do mês de abril. Júlio Doin Vieira vai dar uma sessão de autógrafos na Feira de Rua do Livro, que começou no dia 02 e segue até o dia 12, no Largo da Alfândega em Florianópolis. A sessão vai ocorrer no próximo domingo (06) a partir das 16 horas. O livro "Dicionário de termos árabes da língua portuguesa" custa R$ 30 e pode ser adquirido junto à Editora da UFSC.

Contato

Editora da UFSC
Telefone: +55 (48) 3721-9408
Site: www.editora.ufsc.br
E-mail: edufsc@editora.ufsc.br


Fonte: ANBA

Fim de um tabu: empresas e religião entram em acordo

Esse é o nome de um artigo muito interessante disponível no site mantido pela Warthon School, da Universidade da Pensilvânia. Infelizmente essa não é a realidade no Brasil e nem mesmo em alguns países da Europa, onde existe um número significativo de muçulmanos.

Alguns trechos relevantes do artigo, no que diz respeito aos muçulmanos:

"...Em um mundo de diversidade corporativa e de inclusão, primeiro havia a raça, depois o sexo e a etnia, mais tarde veio a orientação sexual. Agora chegou a vez da religião e, de acordo com especialistas e praticantes, ela veio para ficar por um bom tempo..."

“...Os acontecimentos mundiais giram em torno de questões religiosas diversas, portanto cabe às empresas reconhecer isso e trabalhar com esse elemento. Se você entende a religião como algo que permite às pessoas serem elas mesmas por inteiro também no trabalho, em vez de encarar a questão como uma barreira, tanto melhor para sua empresa...”

"...De acordo com o documento de ação executiva da Conference Board, empresa de pesquisa de Nova York, o empregado pode, dentro de determinados limites, usar medalhas ou vestimentas religiosas, discutir com outros colegas sobre matéria de fé e até mesmo distribuir literatura alertando os demais para o perigo que correm de queimar no inferno, a menos que mudem de vida. O empregador não pode insistir com uma mulher muçulmana para que ela tire o hijab (véu utilizado sobre a cabeça) com base no pressuposto de que os clientes se sentirão incomodados..."

Leia o artigo "Fim de um tabu: empresas e religião entram em acordo"
completo, para ter a informação em seu contexto.